Ex-ajudante de ordens prestou depoimento ao ministro do STF e confirmou que tinha conhecimento do plano golpista de militares para assassinar autoridades, entre elas o presidente Lula

 

Pivô das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, incriminou ex-presidente e o ex-ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (21).

Cid foi convocado a prestar um novo depoimento a Moraes após a operação da Polícia Federal (PF) da última terça-feira (19) que prendeu quatro militares das Forças Especiais (kids pretos) do Exército e um agente da própria PF envolvidos em um plano golpista para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio ministro do STF.

O ex-ajudante de ordens, que foi preso em maio de 2023 e solto cerca de um ano depois após firmar um acordo de delação premiada, corria o risco de perder o acordo de delação após o novo depoimento e voltar para a prisão. Isso porque Moraes e a PF desconfiavam que Cid sabia da trama de militares para assassinar autoridades e que teria omitido o fato em suas outras oitivas. Acontece que o plano golpista foi descoberto pelos investigadores em mensagens encontradas no celular do próprio tenente-coronel.

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Durante mais de três horas de depoimento a Moraes, Mauro Cid, para manter seu acordo de delação premiada e não voltar à prisão, teria confirmado que sabia da trama de golpe envolvendo assassinato do presidente, vice e ministro do STF, e teria revelado, tal como já desconfiava a PF, que tanto Braga Netto quanto Bolsonaro sabiam e endossavam o plano criminoso.Segundo investigadores da PF, o plano para golpista que previa assassinar Lula, Alckmin e Moraes teria sido discutido por militares na casa de Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro na eleição presidencial de 2022, em novembro daquele ano. Naquele mesmo mês, um arquivo com o detalhamento da "operação" golpista teria sido impresso no Palácio do Planalto e, depois, levado ao Palácio da Alvorada, residência da presidência da República que, à época, era ocupada por Bolsonaro.

Bolsonaro é indiciado por tentativa de golpe de Estado
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal pela tentativa de golpe de Estado que encabeçou a partir dos últimos dias de 2022, após ser derrotado nas urnas pelo presidente Lula (PT) e ficar inconformado com sua saída do poder.

Vários outros ex-integrantes de seu governo, aproximadamente 35, também foram indiciados pela PF, e os crimes pelos quais são acusados são inúmeros, com destaque para abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado e organização criminosa.

Com 884 páginas, o inquérito policial foi concluído no início da tarde desta quinta-feira (21) e agora será entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), ainda hoje. Desde já, a Procuradoria Geral da República (PGR) é quem fica incumbida de denunciar ou não os indiciados, para que então os réus, em caso de aceitação da denúncia, sejam julgados pelo STF.

Entre os principais indiciados estão:

  1. Jair Bolsonaro, ex-presidente;
  2. Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice na chapa derrotada;
  3. Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  4. Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin);
  5. Valdemar da Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL)
  6. Foram ainda indiciados outros 32 nomes envolvidos na trama:
  7. Ailton Gonçalves Moraes Barros
  8. Alexandre Castilho Bitencourt da Silva
  9. Almir Garnier Santos
  10. Amauri Feres Saad
  11. Anderson Gustavo Torres
  12. Anderson Lima de Moura
  13. Angelo Martins Denicoli
  14. Bernardo Romão Correa Netto
  15. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  16. Carlos Giovani Delevati Pasini
  17. Cleverson Ney Magalhães
  18. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
  19. Fabrício Moreira de Bastos
  20. Filipe Garcia Martins
  21. Fernando Cerimedo
  22. Giancarlo Gomes Rodrigues
  23. Guilherme Marques de Almeida
  24. Hélio Ferreira Lima
  25. José Eduardo de Oliveira e Silva
  26. Laercio Vergilio
  27. Marcelo Bormevet
  28. Marcelo Costa Câmara
  29. Mario Fernandes
  30. Mauro Cesar Barbosa Cid
  31. Nilton Diniz Rodrigues
  32. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
  33. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
  34. Rafael Martins de Oliveira
  35. Ronald Ferreira de Araujo Junior
  36. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  37. Tércio Arnaud Tomaz
  38. Wladimir Matos Soares

No caso de condenação, por cada um dos seguintes crimes, os indiciados podem ser condenados a:

  • 4 a 12 anos de prisão por Golpe de Estado
  • 4 a 8 anos de prisão por Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • 3 a 8 anos de prisão por Integrar organização criminosa



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por Redação 2JN - revistaforum

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